O cérebro é envolvido por um líquido chamado de liquor, que tem a função de protegê-lo e hidratá-lo. No interior dele, estão presentes quatro cavidades chamadas de ventrículos. Quando existe uma obstrução nestas estruturas e na circulação do liquido, este fica acumulando dentro do cérebro, podendo provocar o aumento da pressão intracraniana, fenômeno chamado de hidrocefalia.

De acordo com o neurocirurgião pediátrico e ex presidente da Sociedade Mineira de Neurocirurgia e Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica, José Aloysio da Costa Val Filho, a hidrocefalia pode ocorrer ainda dentro do útero da mãe ou desenvolvendo-se a qualquer momento da vida, mesmo no adulto.

Segundo ele, entre os sinais da doença, estão o crescimento exagerado da cabeça até os dois anos; olhos voltados para baixo chamado sinal de sol poente; dificuldades no desenvolvimento; dor de cabeça acompanhadas de vômitos, irritabilidade e sonolência. “Em um bebê pequeno a cabeça aumenta por causa do líquido que se acumula nos ventrículos do cérebro, já na criança maior e no adulto acontece uma hipertensão intracraniana e se não for tratada pode levar a morte”, afirma o neurocirurgião pediátrico.

Tratamento minimamente invasivo x tratamento tradicional
A neuroendoscopia entra no conceito de cirurgias minimamente invasivas. José Aloysio é um dos pioneiros no Brasil e, segundo ele a incisão é pequena com agressão menor e alto índice de resolução. O procedimento cirúrgico é o tratamento por uma via endoscópica, um mecanismo mais natural. Na maioria dos casos, há uma melhora gradativa na doença de hidrocefalia em crianças.

“A operação é realizada com o uso um aparelho, o neuroendoscópio, refazendo a circulação do líquido dentro do cérebro. Assim, muitas vezes, é possível tratar a hidorcefalia de uma maneira natural. Então ao invés de retirar o excesso daquele liquor de uma região em que deveria estar no cérebro e jogar para outra região que não é natural dele, os problemas podem surgir, como por exemplo, a velocidade que isso acontece não é a ideal, podem ocorrer problemas no abdômen, como a não absorção do líquido”, conta.

O neurocirurgião alega que o procedimento poderia ser mais realizado no Brasil, pois há falta de equipamento e serviços capacitados. “Quando há a possibilidade de a cirurgia ser realizada, a evolução do paciente é perceptível. O ideal é que logo depois da cirurgia, o crescimento do crânio se estabilize, até o corpo chegar ao tamanho proporcional”, confirma.

Já, o tratamento tradicional e mais utilizado é realizado com uma válvula, um cateter introduzido dentro da cabeça para retirar o excesso de líquido e levado à cavidade abdominal. Mas esta válvula é uma prótese muito usada é pode apresentar problemas que são inerentes ao seu uso.

Sobretudo em crianças, elas podem infectar e obstruir. E quase sempre é necessária sua troca, com o passar dos anos. “A cirurgia é excelente para os adultos e as crianças, mas sempre pode ocorrer uma infecção por conta da válvula e começa todo o problema que pode levar a sequelas. Mas é bom deixar claro, que a válvula tem sua indicação e salva muita gente no mundo”, explica o Dr. José Aloysio Costa Val Filho.

Sobre a Fonte
Médico formado pela Faculdade de Medicina da UFMG é mestre em cirurgia pela UFMG. Possui especialização em neurocirurgia Infantil. É presidente da Ex Sociedade Mineira de Neurocirurgia e da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica. Membro da International Society for Pediatric Neurosurgery.

Desde 1991 atua no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Biocor, sendo coordenador da Neurocirurgia Infantil e preceptor da Residência de Neurocirurgia. Atua, também, como Neurocirurgião Pediátrico no Hospital Vila da Serra. É Tenente Coronel Médico da Reserva da PMMG, onde atuou de 1990 a 2010. Foi o fundador e Presidente do Comitê de Ética para Pesquisa em Humanos por três anos.